Olá, mais uma vez. Não há muito tempo atrás, Travis Woo, “brewer extraordinaire”, revelou ao mundo Ninja Bear Delver, outra das suas brilhantes criações aqui 

 

Ninja Bear Delver

Por Travis Woo

 

18 Island

2 Mutavault

 

4 Delver of Secrets

4 Phantasmal Bear

4 Snapcaster Mage

4 Ninja of the Deep Hours

 

4 Gitaxian Probe

4 Serum Visions

4 Vapor Snag

4 Remand

4 Disrupting Shoal

4 Cryptic Command

 

Sideboard

4 Hibernation

4 Vedalken Shackles

3 Vendilion Clique

2 Hurkyl’s Recall

1 Echoing Truth

1 Wurmcoil Engine

 

Inspirando-se nalgumas listas de Pauper, Legacy e em builds de Ninjas remontando ao antigo, antigo Extended, Woo fabricou um deck com tudo o que eu procurava em Modern. Um deck agressivo, mas com backup de disrupção azul, através de counter e bounce spells, com uma manabase simples e estável, tornando a primeira habilidade de Deathrite Shaman irrelevante, pelo menos do nosso lado.

 

O Ninja, no deck certo, com o apoio e a protecção certas, é uma fonte de card advantage recorrente, e o poder de cartas como Cryptic Command, Remand e Snapcaster Mage no formato era já bem conhecido e documentado, como podemos comprovar pelas mais diversas listas de Splinter Twin e UWR, todas elas usando alguma combinação destas três cartas. A sinergia entre Delver of Secrets e Serum Visions não é também nenhuma novidade, Gitaxian Probe é um “free” spell que, além de se reciclar e nos dar informação sobre o conteúdo da mão do oponente, ainda aumenta o valor de cartas como Delver of Secrets e Snapcaster Mage, e Vapor Snag é simplesmente o mais agressivo e mais barato bounce spell acessível no formato, mas a inclusão de cartas como Disupting Shoal e Phantasmal Bear nesta lista merece mais algum desenvolvimento.

 

Phantasmal Bear – One-drops azuis agressivas são escassas, e as que têm 2 de poder ainda mais escassas são, pelo que mesmo uma que morre ao ser alvo de qualquer mágica adversária é sempre uma forte consideração, especialmente se olharmos para o formato e verificarmos que, à excepção de Electrolyze, são raros os spells que conseguem tirar vantagem da “deficiência” da 2/2. Lightning Bolt iria matar qualquer outra criatura com custo de mana 1, tal como Path to Exile. É óptima como um early attacker para ser alvo da habilidade de Ninjutsu do Ninja of the Deep Hours e também como companheira de Delver of Secrets, quando o deck têm um começo verdadeiramente agressivo, com primeiro turno one-drop seguido de mais duas one-drops.

 

Disrupting Shoal – Tal como são escassas as one-drops azuis, são também escassos os “free” counterspells no formato. Disrupting Shoal não é Force of Will, mas, por vezes, consegue imitá-la bastante bem. Uma carta dificílima para o oponente jogar à volta, pois permite-nos virar toda a mana no nosso turno, seja para fazer Ninjutsu, jogar Serum Visions e uma criatura ou fazer Snapcaster ao draw spell, criando-lhe uma falsa sensação de segurança e levando-o a cair na nossa armadilha. Não deixa de ter o seu custo mas, num deck desenhado para obter toda a card advantage possível através de Ninja, Cryptic Command e Snapcaster Mage, o seu custo é suportável. O facto da lista não ter uma única three-drop nas 60, não nos permitindo fazer Shoal a Liliana of the Veil ou Oblivion Stone, é uma situação que ocorre algumas vezes (e faz-nos sentir mal em todas elas), mas não o suficiente para considerarmos correr alguma que tire o foco da estratégia do deck.

 

Woo fez ainda uma descoberta formidável com as Hibernations no sideboard, que, como ele próprio refere, são fenomenais contra Birthing Pod decks, devolvendo para a mão não só a maior parte da hoste de criaturas, mas também o artefacto, bem como contra Bogle.deck, uma matchup extremamente difícil pre-sideboard e, agora, perfeitamente ganhável post-sideboard. Hurkyl’s Recall continua a ser a melhor carta que podemos comprar quando estamos emparelhados contra Affinity com um deck exclusivamente azul, aumentando ainda a eficácia da já poderosa carta quando temos quatro cópias de Snapcaster Mage nas 60. Vendilion Cliques são uma excelente resposta proactiva para os combos do formato, permintindo-nos ver a mão do oponente e ter um clock na mesa. Devolvê-la para a mão com o Ninja (bem como devolver Snapcaster) chega a fazer-nos sentir “sujos”!

 

Já quanto a Vedalken Shackles, Echoing Truth e Wurmcoil Engine, terei de discordar do escritor do ChannelFireball. Shackles é extremamente poderosa, isso nunca poderei negar, mas o facto de custar 3 de mana para resolver e 2 para activar, fazem com que, na maior parte das vezes, não tenha um impacto imediato no jogo e acabe por ser lenta demais. O facto de ser uma three-drop mas sem cor, ou seja, uma three-drop que não pode ser exilada para Disrupting Shoal, leva-me também a pensar em prescindir da carta. Echoing Truth têm também o seu apelo mas, entre Vapor Snag, Cryptic Command e Hibernation, será mesmo necessário outro bounce spell? Wurmcoil Engine brilha no matchup de Jund, mas o facto de ser apenas uma cópia e custar seis de mana contra um deck com Thoughtseize e Liliana of The Veil, não me seduz muito. Preferia ter outro plano.

 

Assim, depois de alguns jogos e com as ideias mais definidas, decidi que seriam quatro as modificações a experimentar. Duas deram certas, as outras duas…nem por isso!

 

1 – Aumentar o número de Mutavaults de 2 para 4

 

Woo refere no seu artigo que não corre o playset pois tem medo de não conseguir jogar Cryptic Command ao quarto turno. Eu acho que, com Gitaxian Probe, Serum Visions e Ninja of the Deep Hours, bem como ainda 16 Ilhas, as probabilidades de isso acontecer são muito baixas e vale a pena correr o risco, pois o deck precisa de mais criaturas para tirar melhor proveito dos Ninjas.

 

2 – Arranjar lugar para Judge’s Familiar

 

Judge’s Familiar é uma das minhas “pet cards”. Já joguei com ela numa de brew de Monoblue Delver no formato de Standard anterior e actualmente, espalhado pelas 75, ainda jogo com o playset em Soul Sisters (e não posso estar assim tão errado, a carta teve quatro cópias nos últimos dois decks a vencer o Pro Tour!). Como o deck precisava de mais criaturas, porque não uma barata, com evasão, e ideal para colocar um Ninja em jogo? Infelizmente, quatro tornaram-se três, três tornaram-se duas, duas tornaram-se uma e uma, tornou-se zero. O pássaro era um Delver que nunca flipava. Ao contrário de Standard, em que Sphinx’s Revelation e Nyktos estão presentes na maior parte dos decks e todos procuram usar a sua mana na totalidade em cada turno, fazendo big spell atrás de big spell, os spells em Modern são muito mais baratos e há sempre um Deathrite Shaman pronto a ser activado, inutilizando a habilidade do Familiar. Isso aliado ao facto do formato estar mais centrado em criaturas do que em spells, com apenas um deck de controlo (UWR) e com os principais combo decks (Birthing Pod, Splinter Twin e Tron) a basearem o seu combo em encantamentos e artefactos, não em instants ou sorceries.

 

3 – Correr algumas cópias de Spell Snare

 

Duas cópias da instant bastaram para eu descobrir não ser este um deck indicado para ela. Apesar de ser uma carta que desce em utilidade à medida que vai chegando o late-game, a possibilidade de fazer counter num Tarmogoy ou num Snapcaster Mage a qualquer ponto do jogo, nunca deixa Spell Snare inútil. Todavia, não assenta neste tipo de estratégia. A carta não deixa de ser das melhores contra Storm ou Affinity, bastante decente contra Jund ou UWR e somente horrível contra combos menos jogados como Living End ou Restore Balance mas, na sua essência, não deixa de ser um 1 por 1 num deck repleto de 2 por 1’s. O deck suporta cartas como Disrupting Shoal e Vapor Snag, formas de card disadvantage, pois estas permitem-lhe fazer o seu jogo de Tempo, com 2 por 1’s através de cartas como Ninja of the Deep Hours ou Snapcaster Mage, mas não está interessado em deixar mana up para trocar uma carta nossa por uma das do adversário. Quando mana up para counters é deixada no turno do adversário, é para ser utilizada em Remand ou Cryptic Command, cartas que, além de lidarem com o problema, mesmo que só temporariamente, ainda se substituem.

 

4 – Reformular o Sideboard

 

Hibernation, Hurkyl’s Recall e Vendilion Clique pareciam-me must-haves, mas, como já referido, Vedalken Shackles, Echoing Truth e Wurmcoil Engine, não constavam nos meus planos. A ideia de arranjar um plano contra Jund ainda ecoava na minha cabeça e, como tinha também medo de GR Tron com os seus Pyroclasm e Oblivion Stones, decidi optar por Spreading Seas. Não só complica muito mais o jogo de Tron, como, se conseguirmos anular um Deathrite Shaman com Disrupting Shoal, ou impedir o elfo de usar a sua habilidade de mana com Vapor Snags consecutivos, podemos conseguir uma “free” win a Jund ou, pelo menos, tempo suficiente para colocar mais criaturas na board do que aquelas com que ele conseguirá lidar assim que comprar lands suficientes para se livrar do mana screw. De forma a lidar com criaturas como Tarmogoyf, Dark Confidant, Kitchen Finks ou, simplesmente tirar um bloqueador da frente sem ter de gastar múltiplos Vapor Snags, seria necessário um efeito semelhante ao de Vedalken Shackles, mas que tivesse um impacto imediato na board e pudesse ainda ser removido para Disrupting Shoal. Threads of Disloyalty cumpre todos estes requisitos.

 

Posto tudo isto, chegamos a:

 

Ninja Bear Delver

 

16 Island

4 Mutavault

 

4 Delver of Secrets

4 Phantasmal Bear

4 Snapcaster Mage

4 Ninja of the Deep Hours

 

4 Gitaxian Probe

4 Serum Visions

4 Vapor Snag

4 Remand

4 Disrupting Shoal

4 Cryptic Command

 

Sideboard

4 Spreading Seas

4 Hibernation

3 Vendilion Clique

2 Hurkyl’s Recall

2 Threads of Disloyalty

 

Estejam atentos ao próximo episódio de Modern Masters, onde irei defrontar o Gonçalo Sequeira usando este deck.

 

Obrigado por lerem,

 

André Mateus