Todos os jogos têm um (ou vários)

 

 

O Magic The Gathering é, por natureza, uma atividade de lazer porquanto bastam dois amigos e um punhado de cartas para se poder passar um bom bocado nos mundos de fantasia criados pelas equipas criativas da Wizards of The Coast. Obviamente, ao fazer esta afirmação, deixarei de lado as várias aplicações que permitem jogar com cartas virtuais, “online” ou “offline”, contra outros jogadores ou contra o computador.

 

 

Mas o Magic também tem uma vertente de competição que coloca outros níveis de exigência ao jogo. Desde os torneios de nível Regular que são realizados todas as semanas nas lojas por esse mundo fora (ex. Friday Night Magic e Prereleases), passando pelos eventos de nível Competitivo (ex: GPT-Grand Prix Trials e PTQ-Pro Tour Qualifiers) até aos poucos de nível Competitivo (Pro Tours e Mundiais), todos exigem pelo menos o envolvimento de 3 agentes: alguém que se responsabilize pela organização do evento, alguém que jogue e alguém que resolva as questões relativas à aplicação de regras e disciplina inerentes ao jogo e ao torneio.

 

 

O primeiro é o Organizador do Torneio, os segundos são os Jogadores e os terceiros são os Juízes de Magic. Sem estes três agentes não há competição em Magic e para torneios de nível Competitivo e Profissional é mesmo exigido que os Juízes sejam pessoas devidamente certificadas pela Wizards of The Coast e com determinados níveis de certificação.

 

 

 

Porquê “Juiz” e o que é que faz?

 

 

O termo “Juiz” pode causar alguma confusão uma vez que estamos mais habituados a “Árbitro” quando falamos de alguém que aplica disciplina num jogo. Tentarei explicar porque é que no Magic o termo Juiz é efetivamente mais adequado, abordando o que é que um Juiz faz num torneio.

 

 

A principal função de um Juiz num torneio é salvaguardar a integridade do mesmo, ajudando os jogadores e garantindo que as regras são cumpridas por todos e de igual modo para que ninguém fique em desvantagem. Este trabalho envolve responder às perguntas dos jogadores (“Esta criatura tem iniciativa por isso dá dano primeiro, não é?”, resolver problemas que surgem durante o jogo (“ O meu oponente viu o card do topo do grimório quando comprou o card do turno”), identificar as infrações, quando existam, e dar as penalidades.

 

 

Em 99,99% dos casos, as situações estão perfeitamente enquadradas nos documentos das regras e infrações que os Juízes têm que saber, pelo que a resposta está lá e o Juiz limita-se a aplicar o que esses documentos mandam. Mas nos restantes 0,01%, não estão, e o Juiz máximo responsável pelo torneio (se for só um é esse mesmo, se forem vários esse Juiz é o “Head Judge”) tem que tomar uma decisão e o que decidir está decidido. O Head Judge á a autoridade máxima num torneio e das suas decisões não há apelo. Aqui está a primeira diferença: um árbitro limita-se a aplicar as regras, um Juiz de Magic tem algum grau de decisão em matérias que não estão contempladas nas regras (na realidade, até em algumas matérias particulares que lá estão abordadas…).

 

 

A segunda diferença é que um Juiz de Magic tem competências para investigar todas as situações que lhe pareçam suspeitas e, nesses casos, formular um juízo sobre a atuação de um determinado jogador e decidir em conformidade. Podem ser situações muito simples, por exemplo de falta de comunicação entre jogadores e não dar origem a nenhuma penalidade ou mais complexas, por exemplo em que um jogador mente ao Juiz e por isso é Desqualificado do torneio.

 

 

Além disso, o Juiz de Magic dá apoio logístico ao organizador, para que o torneio decorra o mais normalmente possível, de modo agradável para os jogadores e sem atrasos.

 

 

No próximo artigo abordarei o sistema de níveis dos Juízes de Magic e as suas tarefas no Programa de Juízes (para além dos torneios).

 

 

Jorge Rua (L2)